Quem és tu quando escreves?

Cada qual se distingue de cada um, por cada parte de si, emocional ou física. Quando escrevemos sobre nós próprios, o que vemos e sentimos é feito por palavras, palavras nossas e íntimas pois a nossa intimidade é tudo o que somos, e nem sempre mostramos. Sendo que o significado da palavra intimidade não é apenas sexual, mas também espiritual, e quem melhor que nós para nos conhecer? Sendo também que a nossa intimidade não deve ser mostrada ao mundo mas que a devemos conhecer para podermos lidar com o mundo. Quando escrevemos, podemos falar com a nossa alma, podemos descobrir-nos, podemos provar coisas a nós próprios que desconhecíamos também de nós próprios. O que não significa que estejamos fora de nós mas sim que nos podemos perder de nós. 

Com o tempo deixei de falar do "algo", do "outro", do "aquilo", passei a falar de mim, porque sempre fui eu mas de forma indireta, nem que a história não fosse minha diretamente, era minha quando eu falava dela, porque eu estava a a vê-la e a senti-la nas minhas palavras e se estava nas minhas palavras tinha passado pela minha alma e voltava claramente a passar.

Enfim, eu não sou alguém que diga o que deve ser feito mas sim que gosta de ver e sentir e por isso o partilha, eu sou alguém que valoriza o espírito e que não consegue estar calada quando sente e quando acha que deve dizê-lo, então escreve como se estivesse a falar com ela própria e fala para quem quiser ouvir. Eu não sou ninguém, mas sou alguém e perdoem-me se estou errada.